terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Uma vez no colégio adventista, do qual fui orgulhosamente expulsa, me disserem que "mente vazia é oficina do diabo". Eu diria que mente vazia é oficina das fantasias. Pois é, acho que a minha falta do que fazer, o excesso de TV na infância, alguns livros sobre princesas, contos mitológicos, mil e uma noites, a solidão e talvez até o fato de ter vindo ao mundo no dia 13 de março, fez de mim um tanto quanto sonhadora e romântica demais.
Mas em alguns momentos, geralmente inesperados, inoportunos e inconvenientes, os demônios acordam e matam a mocinha dos contos de fadas, e dizem a ela que às vezes é preciso ser a vilã.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Banco da Praça

Ai eu decidi voltar a pé, economiza e faz bem andar. No caminho tem àquela praça perto da casa dele, vou sentar em algum banco ali que bata sol.
E assim como eu, tinha mais duas pessoas. Cada uma em seu banco com os seus corpos, o pensamento, porém, em qualquer outro lugar.
Um cara estava meio impaciente, ansioso, sei lá... Mexia-se demais, sentou, deitou, olhou o celular algumas vezes, sentou, pôs a mão no queixo, ficou um pouco, pegou o celular, tentou ligar... Tentou de novo, não reparei mais.
Uma mulher estava sentada, mal se mexia, olhava pro nada, para o lado, para mim, pensava, acendeu um cigarro...
Eu liguei o MP3, olhava para os lados como procurando -talvez ele passe por aqui, neste horário deve estar indo pra faculdade. Deitei, sentei, pensei, acendi um cigarro...
Somos subjetivos e cheio de singularidades, mas sabe... Somos bem parecidos no fundo.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Você me disse – não vou pegar nenhum contato seu. E marcamos de nos encontrarmos lá na próxima semana a tal hora. Você acrescentou ainda – Eu vou ficar muito triste se você não aparecer, muito mesmo, eu acho que vou chorar. E escondeu o rosto com o seu cabelo dando algumas risadas meio tímidas dizendo que estava brincando sobre o chorar, e perguntou – quando eu te ver eu posso correr e te abraçar? Você falou sobre as suas intenções e foi ai que falamos sobre amizades e o significado disso nas relações.
Você sentado, me falava para eu me sentar também, e fazia sinal com a mão, batendo no chão, insistia em perguntar "do que" eu gostava - Você gosta de garotas né? Eu disse que gostava de garotos, e que já tinha o meu. Você disse - Ah... E fez alguma piada, pra descontrair.
Nós conversamos, e você expulsava as pessoas que chegavam querendo se juntar à conversa, como fez com o japa perdido que perguntou - O que é grunge?? E você perguntou a ele de onde ele vinha, se lá no Japão não tinha grunge e pediu delicadamente pra ele ir perguntar pro resto do pessoal que andava mais a frente. Depois se arrependeu de ter sido tão direto, e concluiu dizendo - Ah! Eu sou assim mesmo, não sou de rodeios. Me defendeu de um tiozinho bêbado que me tocou – Ei! Deixa ela em paz! Me contou que tem duas namoradas, mas que não gosta delas e que de vez em quando fica com algumas vadias, mas que cansou de ter orgasmos vazios, e eu te contei como é transar com alguém que você ama. Você estava com frio e se encostou em mim, disse que minha pele era quente e macia. Disse que eu era linda e sem querer disse que meus seios eram lindos, tentou corrigir depois, mas eu já tinha ouvido, pediu para que eu fechasse mais a minha blusa – Está me desconcentrando. Eu dei risada, pois mal tenho o que esconder. Disse-me que morrera há cinco anos, e eu falei que não, que você não estava morto, pois eu estava viva e aquilo não poderia ser um sonho - Nós estamos juntos nessa, eu estou aqui contigo, e eu estou viva! Isso é história sua, que você inventou pra aliviar o peso da sua consciência.
– Eu vou ficar muito triste se você não aparecer, muito mesmo eu acho que vou chorar.
– Posso te pedir uma coisa? E eu te pedi para estar sóbrio, queria saber como você é. Você prometeu tentar. rs.
Mas nós dois sabemos que não haverá uma segunda conversa...